Advertência do autor
para a presente coleção, "...há sempre uma qualidade nos contos, que os
torna superiores aos grandes romances, se uns e outros são medíocres: é serem
curtos."
Quem se der ao
trabalho de ler esta “Várias histórias” verá que a advertência é só modéstia do
autor.
A cartomante:
- “a virtude é preguiçosa e avara, não gasta tempo
nem papel; só o interesse é ativo e pródigo.” P. 6
Uns braços:
- “...há ideias que são da família das moscas
teimosas: por mais que a gente as sacuda, elas tornam e pousam.” P. 30
- “Percebeu que sim, que era amada e temida, amor
adolescente e virgem, retido pelos liames sociais e por um sentimento de
inferioridade que o impedia de reconhecer-se a si mesmo.” P. 31
- “Foi a única pilhéria que disse em toda a vida, e
era tempo, porque expirou na madrugada seguinte, às quatro horas e cinco
minutos, bem com os homens e mal consigo mesmo.” P. 49
A causa secreta:
- “Não tinha ciúmes, note-se; a natureza compô-lo de
maneira que lhe não deu ciúmes nem inveja, mas dera-lhe vaidade, que não é
menos cativa ao ressentimento. Olhou assombrado, mordendo os beiços.” P. 75
- “...os dous olhavam um para o outro,
discretamente, e afinal esquecidamente.” P. 82
O enfermeiro:
- “Adeus, meu caro senhor, leia isto e queira-me
bem; perdoe-me o que lhe parecer mau, e não maltrate muito a arruda, se lhe não
cheira a rosas. Pediu-me um documento humano, ei-lo aqui.” P. 99
- “Os velhos lembravam-se das crueldades dele, em
menino. E o prazer íntimo, calado, insidioso, crescia dentro de mim, espécie de
tênia moral, que por mais que a arrancasse aos pedaços, recompunha-se logo e ia
ficando.” P. 107
Mariana:
- “ A paixão dos noivos prolongou-se na vida
conjugal. Quando o tempo trouxe o sossego, trouxe também a estima. Os corações
eram harmônicos, as recordações da luta pungentes e doces. A felicidade serena
veio sentar-se à porta deles, como uma sentinela. Mas bem depressa se foi a
sentinela; não deixou a desgraça, nem ainda o tédio, mas a apatia, uma figura
pálida, sem movimento, que mal sorria e não lembrava nada.” P. 130
Viver!:
- “ Deus me perdoará, se quiser, mas a morte
consola-me.” P. 167
- “... é que eu
represento a força dos desesperos milenários. Toda a humanidade está em mim.”
P. 171
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