quarta-feira, 31 de maio de 2017

Várias histórias

Advertência do autor para a presente coleção, "...há sempre uma qualidade nos contos, que os torna superiores aos grandes romances, se uns e outros são medíocres: é serem curtos."
Quem se der ao trabalho de ler esta “Várias histórias” verá que a advertência é só modéstia do autor.

A cartomante:
- “a virtude é preguiçosa e avara, não gasta tempo nem papel; só o interesse é ativo e pródigo.” P. 6

Uns braços:
- “...há ideias que são da família das moscas teimosas: por mais que a gente as sacuda, elas tornam e pousam.” P. 30
- “Percebeu que sim, que era amada e temida, amor adolescente e virgem, retido pelos liames sociais e por um sentimento de inferioridade que o impedia de reconhecer-se a si mesmo.” P. 31

Um homem célebre:
- “Foi a única pilhéria que disse em toda a vida, e era tempo, porque expirou na madrugada seguinte, às quatro horas e cinco minutos, bem com os homens e mal consigo mesmo.” P. 49

A causa secreta:
- “Não tinha ciúmes, note-se; a natureza compô-lo de maneira que lhe não deu ciúmes nem inveja, mas dera-lhe vaidade, que não é menos cativa ao ressentimento. Olhou assombrado, mordendo os beiços.” P. 75

Trio em lá menor:
- “...os dous olhavam um para o outro, discretamente, e afinal esquecidamente.” P. 82

O enfermeiro:
- “Adeus, meu caro senhor, leia isto e queira-me bem; perdoe-me o que lhe parecer mau, e não maltrate muito a arruda, se lhe não cheira a rosas. Pediu-me um documento humano, ei-lo aqui.” P. 99
- “Os velhos lembravam-se das crueldades dele, em menino. E o prazer íntimo, calado, insidioso, crescia dentro de mim, espécie de tênia moral, que por mais que a arrancasse aos pedaços, recompunha-se logo e ia ficando.” P. 107

- Esperança, “demônio de olhos verdes”, p. 119

Mariana:
- “ A paixão dos noivos prolongou-se na vida conjugal. Quando o tempo trouxe o sossego, trouxe também a estima. Os corações eram harmônicos, as recordações da luta pungentes e doces. A felicidade serena veio sentar-se à porta deles, como uma sentinela. Mas bem depressa se foi a sentinela; não deixou a desgraça, nem ainda o tédio, mas a apatia, uma figura pálida, sem movimento, que mal sorria e não lembrava nada.” P. 130

Viver!:
- “ Deus me perdoará, se quiser, mas a morte consola-me.” P. 167
- “... é que eu represento a força dos desesperos milenários. Toda a humanidade está em mim.” P. 171 

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