segunda-feira, 25 de julho de 2016

O Seminarista

Denúncia contra a instituição do celibato. Talvez esta afirmação resuma a intenção de Bernardo Guimarães em O Seminarista. Da amizade entre duas crianças, que vivem na mesma área rural, a história evolui para a dor da separação - neste momento apenas separação entre amigos - quando Eugênio é mandado para um seminário para se tornar padre.

Ao descobrir que o que sente por Margarida não é apenas saudade de amigos, mas algo muito mais forte, Eugênio passa pelo tormento que é a concepção de sexualidade da Igreja Católica.
"Sua terna e delicada sensibilidade embotou-se, ou antes apagou-se no gelo de um beatismo frio, austero e sem arroubos." p. 22

"O rapaz que sai de um seminário depois de ter estado ali alguns anos, faz na sociedade a figura de um idiota. Desazado, tolhido e desconfiado, por mais inteligente e instruído que seja, não sabe dizer duas palavras com acerto e discrição, e muito menos com graça e afabilidade. E se acaso o moço é tímido e acanhado por natureza, acontece muitas vezes ficar perdido para sempre." p. 26

Nos momentos finais Bernardo Guimarães, já flertando com o naturalismo e o realismo, denuncia quão equivocado é o celibato:

"Ah, celibato!... terrível celibato!... ninguém espere afrontar impunemente as leis da natureza! tarde ou cedo elas têm seu complemento indeclinável, e vingam-se cruelmente dos que pretendem subtrair-se ao seu império fatal!..." p. 74

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