O velho da horta é
uma farsa que conta a história de um velho que se apaixona por uma jovem
camponesa que encontra em sua horta. Para
conquista-la não medirá esforços e dinheiro o que acarretará sua ruína.
A história é marcada por elementos constantes na definição
de "farsa", isto é, uma pequena peça cômica popular, de concepção
simples e de ação trivial ou burlesca, em que predominam gracejos, situações
ridículas etc. Aliado a isso, temos também um final moralizante no qual o velho
é punido.
Há um momento na peça em que a alcoviteira, Branca Gil,
canta uma ladainha que me fez lembrar os emboladores/repentistas do Nordeste quando
brincam com o público, especialmente dentro dos ônibus. Segundo a nota dos
organizadores, “A ladainha de Branca Gil menciona uma série de “santos” que
eram na verdade membros da corte portuguesa na época em que a farsa foi
encenada. Com esse recurso Gil Vicente tornou a peça mais engraçada para a sua plateia,
fazendo com que muitos dos espectadores se vissem retratados no palco de forma
cômica e que outros reconhecessem ali personalidades eminentes de seu tempo. ”
O Auto da barca do
inferno é um tipo de peça a qual o próprio Gil Vicente chama “autos da
moralidade”. Na medida em que as pessoas morrem elas se dirigem para tomar uma
barca. Conforme as suas ações em vida serão embarcadas a caminho do inferno ou
do paraíso. A intenção é instruir moralmente os espectadores de acordo com a fé
cristã.
É interessante notar a concepção de diabo apontada na
apresentação da peça: “A figura do diabo de Gil Vicente é muito original por
não se apresentar como o tradicional sedutor que corrompe, mas um irônico
observador que revela os males ocultos de cada alma. Com humor e inteligência,
o personagem assume a forma de falar dos que chegam e atira os vícios e as
fraquezas de volta a cada um, insistindo para que subam à barca do inferno. ”
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