Que grata surpresa
foi "Infiel: a história da mulher que desafiou o islã" (2012).Com Infiel eu pude aprofundar em detalhes
aquele objetivo inicial de conhecer melhor o islã. Nele temos uma descrição das
práticas do islã, suas concepções básicas sobre o mundo e como a cultura de clãs
e subclãs anterior ao islã contribuiu para sua elaboração enquanto doutrina
política e religiosa até os dias atuais.
Porém, há algo mais
fundamental no relato biográfico de Ayaan Hirsi Ali. Infiel é uma história de
construção individual. É a história da luta do indivíduo, e não um indivíduo
qualquer, mas uma mulher em um ambiente tradicionalmente hostil às mulheres,
para superar seus limites pessoais e as chantagens familiares (com o discurso
da 'culpa' em defesa da honra e para afastar a ‘vergonha’ da família e do clã
caso ela não seguisse os valores estabelecidos). A luta de Ayaan é também a
superação de dogmas políticos e culturais fortemente arraigados no seu clã de
origem, na sua religião e na estrutura política de seu país.
A construção da
liberdade interior de Ayaan a leva a cultivar o pensamento crítico marcado pela
dúvida e autocrítica permanentes, incapazes de florescerem sob o islamismo e os
estados que o adotam como religião oficial.
Enfim, a história de Ayaan
é como um vento fresco que sopra em nosso rosto e nos encoraja a repensar
nossas verdades e sermos perseverantes na superação de valores caros em nossa
formação, mas que não atendem mais às nossas inquietações.
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