domingo, 23 de janeiro de 2050


Começando pelo começo...Que diabos é “tsundoku”!?

Tsundoku é uma palavra de origem japonesa que significa a ação de comprar livros e não lê-los de modo que fiquem empilhados juntos com outros livros não lidos.

Incrível como uma única palavra consegue expressar um fenômeno tão comum – quem não tem seus livros encalhados? – e ao mesmo tempo indicar uma inquietação. Por trás do significado formal de tsundoku há também essa inquietação de quem tem vários livros não lidos e se sente incomodado com isso. Isso remete ao porquê de eu ter criado esse blog.

“Xô, tsundoku!” é meu desafio de leitura. A tentativa de desencalhar os livros que estão nas minhas estantes há anos. É como se eu os ouvisse falar “Leia-nos ou te devoraremos”. O problema é que muitas vezes assumimos o papel de colecionadores de livros  e não de leitores. Se isso não incomoda a você como ‘colecionador’, tudo bem. No meu caso, isso já me chateava há tempos.



Regra de ouro


Para esse desafio funcionar eu criei uma regra de ouro: não comprar nenhum livro até concluir o projeto. Ao longo do caminho muitas indicações de leitura surgirão e hoje mesmo eu já tenho várias tentações, incluindo alguns ebooks. É por isso que criei a Lista de Desejos para, quem sabe, constituir um novo projeto... Mas há exceções! Não comprar não quer dizer que não possa adquirir algum novo livro na seção Troca de Livros ou ganhar algum de presente! 



Como funcionará

O primeiro passo foi separar fisicamente os livros lidos dos não lidos. Em seguida, separá-los em dois grandes temas: literatura (romance, contos, teatro e arte) e  “acadêmicos” (filosofia, sociologia, história, ciência política). Até os guias dos museus que visitei entraram na brincadeira. O resultado é a lista de 298 livros ! . Porém, algo importante: não há pressa. As leituras e o próprio blog terão uma dinâmica, mas não terão nem prazo nem pretensão de análises complexas. Só o prazer da leitura e a vontade de zerar os livros existentes.
Dentre os livros de literatura, alguns “apareceram” na minha estante de forma aleatória e não intencional ao longo de vários anos e não sei o que a leitura deles pode me trazer. Os livros que chamo de acadêmicos certamente serão os mais difíceis, simplesmente pelo fato de muitos deles não terem mais quase nada a ver comigo ou com um projeto acadêmico em particular. Muitos deles foram adquiridos ao longo de vários anos na condição de estudante ou quando eu tinha determinados interesses políticos. Ainda assim tentarei passá-los em revista antes de descartá-los.
Já se vê que este é um blog com data para acabar. Porém a data é incerta...

E por que o blog?

É verdade que este projeto poderia ser realizado sem qualquer publicidade, porém torná-lo público é uma maneira de me forçar a cumprir a meta. Independente da quantidade de leitores, visitantes e de críticas que o blog possa ter, na medida em que o desafio se torna público o estímulo para alcançá-lo é maior. Uma lembrança que me veio à mente quando pensava sobre o blog foi a iniciativa de Marcus Andrey para perder peso utilizando as redes sociais. Quem sabe a internet não me ajuda a tirar o peso desses livros? Ou encontro pessoas com os mesmos interesses literários que desejem trocar não só conhecimentos mas também livros? Quem sabe não dou sorte em achar gente que gosta de falar sobre o que está lendo? E, de quebra, ainda estimulo outras pessoas a darem um chega pra lá no seu tsundoku?!
Uma vez decidido criar o blog duas dificuldades surgiram. A primeira, de ordem prática: eu não conseguiria fazer um blog sem a ajuda dos “universitários”.  Ignorante em informática, recorri à ajuda de meu sobrinho, Caio que, pacientemente e com a expertise própria de sua geração, deu o formato que você está vendo. A segunda dificuldade é de ordem motivacional. Quando comentei com um amigo, que também tem um blog, ele não foi lá muito animador, “Você sabe que há mais blogs do que leitores?” E mais, segundo as estatísticas, há no mundo algo em torno de 150 a 200 milhões de blogs e deste total apenas 5% estão ativos!  
Bom, o projeto está lançado. Agora é mãos à obra e ver o que acontece!